terça-feira, 10 de novembro de 2009



ESTANHO E AÇO




Gana de pele

a palavra vertendo

úmida de ti

olhos adentrando olhos

descobrindo

estanho e aço

e um mar

que não tem tamanho...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009


Amanhecer em flores

sons

cores...


constato silêncios

que gritam

contornos

aromas

desejos


- tudo passarinhando no dia

quarta-feira, 28 de outubro de 2009


ESPERA



Ando ao relento

às vezes vento

outras transbordo

em densas nuvens



relampejo

em noites solitárias

mas quando chega

o verão

viro mar

girassol

borboleta

sóis e azuis

até o infinito...

domingo, 25 de outubro de 2009




DOCE






Volúvel
volátil
derrete na boca
feito algodão doce




te queria bom-bocado
baba-de-moça
ninho-doce
bom de repetir
BIS
BIS




queria poder me deliciar
a todo momento
ou em algum momento
mas o tempo te faz
tão agridoce...




segunda-feira, 5 de outubro de 2009

ESTAÇÕES




Me ilumino de auroras

desboto em outonos

emudesço invernos

floresço primaveras

renasço em verões.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009


NOTÍCIAS



A brisa cochicha

segredos com a lua

no muro um gato preto

arranha as últimas horas

madrugada de partida




Pássaros em revoada

advinhando a primavera,

farfalhar de folhas

anunciando os passos do jornaleiro



- e o dia começa...

quarta-feira, 15 de julho de 2009



BIOGRAFIA



Sou misto de escolhas
caminhos idas e vindas
ganhos e perdas
prazeres
lugares
sorrisos e acenos

um tanto blues,
nos fins de tarde; bossa nova,
nas madrugadas rock
pra espantar os demônios,
ópera nas manhãs cinza
para cortejar os anjos

sou começos e fins
desejos e planos
toques suaves
pegada forte
flores e arco-íris
marulhos na lembrança
saudades na íris
esperança na proa...

sábado, 13 de junho de 2009


FUGA



Noite fria

às vezes o vento

é doce

passa sua língua

ligeira nas nuvens

e muros da cidade




gatos e cães arrepiam

Eu,

escondo pele e pêlo

fujo

docemente...

quinta-feira, 21 de maio de 2009




PREFERÊNCIAS



Qual o doce que mais gosto?



O doce da tua língua
quando percorre
pêlos e poros
e eu viro
baba-de-moça .

segunda-feira, 18 de maio de 2009







RUBENS DA CUNHA

Da Obra Vertebrais


" O barulho do sapo acordou a palavra.

coaxa-me.

Antes que o sono senzale meus olhos, transcrevo essa melodia
de escuros num papel higiênico.

Amanhã, recupero o descartável".



*Estou encantada, o trabalho do Rubens é maravilhoso; O livro está lindo, interessante...imagens e poemas que tocam vértebra e vértices, que azul sangue traduzem a sensibildade , o homem e seus ângulos , o feminino e seu corpo nudez. Poemas para "Pai lavra-nos", para os "não adestrados". Comunguem comigo, este livro- Arte-Poema ( podem espiar os textos dele no blog ; Casa de Paragens, está linkado aqui)



Vertebrais
Caixa-Poema


* Oferta Especial
Caixa-Poema Vertebrais:R$ 25,00Com mais R$ 10,00 você pode levar o livro de crônicas "Aço e Nada"Contato: rubensdacunha@hotmail.com

segunda-feira, 11 de maio de 2009

AVE NEUSA,AVE COMPULSÃO!


Foto de Júlio Appel/recorte Pintura no templo Budista




Salve Jorge e a Poesia Salve a matéria definida de afinidade Salve!

(Louvadas palavrinhas do can can e do seu poema O triângulo Per-Tempus da Compulsão e Sinceridade Salve a poesia falada e a dor escrita Salve a força de vontade de imitar Caetano O escândalo do amor humano Salve a saúde e o sistema A sua dor a minha e a dela Salve o sonho e a malandragem Sobretudo o amor e a coragem A pele a cicatriz e o não Salve o contra Mas Salve o sim de você pra mim Salve o alto-nada e a ressurreição Salve o mundo que pariu e salve você que partiu, salve Jorge! Salve Jorge e a matéria definidade de afinidade,salve!bjo


* Em nossa homenagem: Para Compulsão, Para você e pra mim!

quinta-feira, 7 de maio de 2009




CONSTATAÇÃO





Hoje sou um olho trapo



espio tua ausência


em frestas mofadas


em dobras de lenços









Hoje estou uma boca míope


língua farpada


mãos em silêncio...

sábado, 2 de maio de 2009


DECISÃO



O vento guilhotinando
minha saudade
solta a brincar sobre as ondas
e eu doendo em vermelhos e distâncias



Hoje adormecerei
Pôr-do-sol...

Foto (cartão) do amigo Júlio Appel


sala de amores (brutos?)



Fazer versos nem sempre é fácil. Às vezes faltam palavras. O pensamento busca lá longe algum dizer que combine com angústia, luxo, medo, saudade, mensagem, deserto, fogo, pluma. Busca nos arquivos e traz solidão, amor, ameaça, rosa, rio, fome, diluição. Depois, são os objetos que saltam aos olhos e dizem que também estão na brincadeira, querem ser vistos, pensados, citados no poema. Então, é hora de encaixar o castiçal, a mesa redonda, as vidraças sujas e a garrafa vazia. Em momentos de devaneio surgem as moscas descaradas, as pontes curvadas, o velho sem dentes e a árvore enrugada.Então me retiro e deixo que as palavras se encontrem, conversem entre si, mostrem o que uma tem a ver com a outra e vou até a janela em sinal de respeito à reunião das autoridades que agora estão frente a frente.Depois de anos separadas devem ter muito a dizer. Talvez conversem sobre o passado, talvez encontrem no presente seu sentido mais avançado. Isso de ir até a janela ou ao boteco comprar cigarros foi um jeito que arrumei para que depois me convidem ao encontro. Descobri que com as palavras não posso mais do que elas querem me dar. É preciso ser direto, sem nove horas, sem diz-que-me-diz-que. São questões muito sérias as que as palavras tem pra dizer. E pensar que talvez seja o primeiro contato que esse conjunto de palavras se faça - castiçal, moscas descaradas, luxo e ameaça - me tranqüiliza, me dá nome. O que poderia eu falar delas antes de elas com elas mesmas. Seria abuso da minha parte supor que as palavras não tenham o que dizer entre elas. Ao contrário, têm muito a contar. São mais velhas que o mais velho dos meus antepassados, mais antigas que as ruas, que as árvores, que os tempos que posso imaginar. Devem ter muito a falar. Deixo de lado o imaginário e solto essas majestades ao tempo de agora.Um jogo de palavras vence guerras, vence fome, vence a dor, vence a fúria. Um jogo bem feito ganha o mundo, gira tempos, atravessa planos, constrói amor. Aparentemente tão simples e, comprovadamente, tão fortes, são decididas e vorazes essas benditas. Concordo que algumas palavras nos surpreendam pelo impacto, pois revelam com um modesto conjunto de letras o mais conturbado desejo que estava lá dentro do peito, bem guardado na redoma da arrogância do eu. E então, vem uma palavra e abre as jaulas, solta a criatura medonha e vai embora com o vento. Sim, as palavras são objetivas, não importa por que vieram e o que causaram, importa que conseguem diluir um bruto amor e consertar o mais antigo dissabor. Da criatura solta resolva quem a criou, isso não é problema dessas palavras, que outras venham e se responsabilizem pelo próximo ato. Palavras são responsáveis pela prisão e pela libertação.E passados alguns minutos em que já concedi o tempo para apresentações, discussões, lembranças e apaixonamentos, posso então, voltar ao posto e encará-las de frente. Agora, são outras palavras que encontro, mais dóceis, mais redondas, mais dispostas, posso vê-las na construção dos versos. Aprendi que esse respeito com as palavras é fundamental, pois são elas que me emprestam suas vidas para que eu possa continuar viva na escritura.


(Barbara Corsetti)
VERSO CERO


No meio do homem homenize
humanize

no meio do homem
no meio do homem, uma palavra diz:
caminhe!

no meio do homem homem e
no meio do homem há um caminho
caminhe!

no meio do homem humanize
no meio do homem há um caminho
humanize!

no meio do caminho
um homem


*Poema de Lúcia Bins Ely

quarta-feira, 22 de abril de 2009



Minha amiga blogueira Cynthia Lopes ,em seu blog, http://canticodaspalavras.blogspot.com/, me concedeu este prêmio , o que me deixou surpresa, além de muy feliz:)adorei! Agradeço de coração!! Assim, devo explicar do que se trata o prêmio e repassá-lo eu também para mais 05 blogueiros especiais.Obrigada querida poeta, conheçam o Arte y Pico:O prêmio Arte y Pico foi criado com o objetivo de premiar blogs pela criatividade, material interessante e por contribuir com a comunidade de blogs, em qualquer língua. Além disso, o blog que receber o prêmio deverá repassá-lo para outros cinco blogs, que deverão seguir as regras abaixo: 1. O vencedor deve escolher cinco blogs que considerar merecedores deste prêmio por sua criatividade, material interessante, e por contribuir com a comunidade de blogs em qualquer língua. 2. Cada um dos cinco blogs selecionados deve incluir o nome do autor e um link para o seu site a ser visitado pelos leitores. 3. O beneficiário deve mostrar o prêmio (copiando a imagem acima) e indicar o nome e o link para o blog que foi entregue. 4. Todos os beneficiários deste prêmio devem incluir um link para o blog Arte y Pico para informar os leitores sobre a origem deste prêmio.Como é esperado indico, abaixo, os cinco blogs que considero mega merecedores desse prêmio:

1. o Blog de Lau Siqueira, pela poesia e pela arte que circula por lá, que respira; pela sensibilidade e pela pessoa maravilhosa que é o Lau;) http://poesia-sim-poesia.blogspot.com; 2- O blog: http://compulsaodiaria.blogspot.com, pela sua COM PULSÃO, pela sua intensidade ,pulsar de palavras e sentimentos; 3- Pra cecília Cassal, pelo Belíssimo e sensivel lua em libra, que além de belas imagens nos presenteia com poemas e textos de um lirismo encantador ; http://ceciliacassal.blogspot.com; 4- o Blog Garatuja, pelo frescor e textos que sempre me surpreendem e encantam: http://brizacomz.blogspot.com; 5- O blog Longitudes da Nydia, por sua "arquitetura" , beleza de imagens e textos: http://nydiabonetti.blogspot.com.

domingo, 19 de abril de 2009


Haicais




Bugio foge
no campo florido
planta bananeira.




Sereno chega
longo anoitecer

flores dormindo

Foto: Mosaico de Lápides de Rafael Wanke


QUE ASSIM SEJA




Se é para doer
que doa
até fissurar
todos os ossos
sangrar por todos os poros


porque dor de amor
não tem remédio
tarja preta
chazinho
emplastro
band-aid
pino que dê jeito


é dor que não se sabe
não faz sentido
dor e pronto
insanidade vagando
pelas ruas
batendo a cabeça
pelas paredes
gemendo pelos cantos
sussurrando pelas orelhas dos livros


dor de amor findado
é quase doença terminal
é desistência
dilacerante
enauseante
permanente agonia
arrastando o verbo
pela página
lápide agora
tão fria...

domingo, 29 de março de 2009


Itacaré-Bahia



ODE AO POETA




O poeta falou: "Há que se molhar a palavra"


Porque a vida vem de enxurrada,
a felicidade é líquida
a saudade,
gasosa
e a poesia
é o que nos resta


FLUÍDA...

sexta-feira, 20 de março de 2009


NAUFRÁGIO




Mapeio tua pele
como se navegasse
continentes infindáveis
e assim fico
noite e dia
até atracar
no marulhar da folha fria...

domingo, 15 de março de 2009



Diovvani



Ele recitava poemas
como se fosse brisa
soprava sementes
em ouvidos de seda
contava histórias
e encantos a platéias de jardins
e pomares



ele morava
em uma gema ( Esmeralda)
e fazia jóias de palavras, rimas
e folhas...




*Diovvani mora em uma cidade chamada Esmeralda ( conheça mais o trabalho desse "agitador cultural" no blog: www.paopoesia.blogspot.com)

Interpretação




Uma coisa
está bastante clara:
sabemos que a poesia geme
feito gema de ovo
antes de quebrar a casca.
Depois, tudo que vemos
É nossa pintura íntima.



*Poema do “Mineiro da gema”, Lecy Pereira Souza (Livro; PrimeiraPessoaPlural; Ed: árvore de Poemas/MG)

terça-feira, 10 de março de 2009



Emoções sutis


se fundem e confundem


nesse mar-nuvem

sábado, 24 de janeiro de 2009



MATIZES




Pôr-do-sol nipônico

jorrando vermelhos

mais parece

um dançarino oriental...

domingo, 18 de janeiro de 2009





ESPELHO




Fogo não sei de onde,

de dentro,

por dentro,

tão dentro...

*Outro olhar ( ou será o mesmo?), gentilmente cedido pela Bebel /Dietro Agli Occhi;)

SPECCHIO



Guardo lo specchio e ti vedo lì
A riflettere la mia immagine
Mi spavento!
A chi appartengo,
A me o a te?

domingo, 11 de janeiro de 2009


INTRO



Na boca da mulher
o mar
imenso
a palavra escorrendo
concha e areia




no canto da retina
a poesia marulhando...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009



DANÇA



Essas palavrinhas

todas aí na página

dançando cancan

são tão frágeis

que caem cansadas

como velhas bailarinas...

sábado, 3 de janeiro de 2009




ÚLTIMO DESEJO




Quero morrer no mar
Porque é no mar
que a poesia se refresca
passa a língua na areia
áspera e repousa
em seu suave marulhar



no mar em que sonhei sereias
naufraguei sonhos
e devaneios
encalhei
ressurgi



no mar peixinhos
farão cócegas em meus pés
no mar que minha alma
transbordará
AZUL...