quinta-feira, 21 de maio de 2009




PREFERÊNCIAS



Qual o doce que mais gosto?



O doce da tua língua
quando percorre
pêlos e poros
e eu viro
baba-de-moça .

segunda-feira, 18 de maio de 2009







RUBENS DA CUNHA

Da Obra Vertebrais


" O barulho do sapo acordou a palavra.

coaxa-me.

Antes que o sono senzale meus olhos, transcrevo essa melodia
de escuros num papel higiênico.

Amanhã, recupero o descartável".



*Estou encantada, o trabalho do Rubens é maravilhoso; O livro está lindo, interessante...imagens e poemas que tocam vértebra e vértices, que azul sangue traduzem a sensibildade , o homem e seus ângulos , o feminino e seu corpo nudez. Poemas para "Pai lavra-nos", para os "não adestrados". Comunguem comigo, este livro- Arte-Poema ( podem espiar os textos dele no blog ; Casa de Paragens, está linkado aqui)



Vertebrais
Caixa-Poema


* Oferta Especial
Caixa-Poema Vertebrais:R$ 25,00Com mais R$ 10,00 você pode levar o livro de crônicas "Aço e Nada"Contato: rubensdacunha@hotmail.com

segunda-feira, 11 de maio de 2009

AVE NEUSA,AVE COMPULSÃO!


Foto de Júlio Appel/recorte Pintura no templo Budista




Salve Jorge e a Poesia Salve a matéria definida de afinidade Salve!

(Louvadas palavrinhas do can can e do seu poema O triângulo Per-Tempus da Compulsão e Sinceridade Salve a poesia falada e a dor escrita Salve a força de vontade de imitar Caetano O escândalo do amor humano Salve a saúde e o sistema A sua dor a minha e a dela Salve o sonho e a malandragem Sobretudo o amor e a coragem A pele a cicatriz e o não Salve o contra Mas Salve o sim de você pra mim Salve o alto-nada e a ressurreição Salve o mundo que pariu e salve você que partiu, salve Jorge! Salve Jorge e a matéria definidade de afinidade,salve!bjo


* Em nossa homenagem: Para Compulsão, Para você e pra mim!

quinta-feira, 7 de maio de 2009




CONSTATAÇÃO





Hoje sou um olho trapo



espio tua ausência


em frestas mofadas


em dobras de lenços









Hoje estou uma boca míope


língua farpada


mãos em silêncio...

sábado, 2 de maio de 2009


DECISÃO



O vento guilhotinando
minha saudade
solta a brincar sobre as ondas
e eu doendo em vermelhos e distâncias



Hoje adormecerei
Pôr-do-sol...

Foto (cartão) do amigo Júlio Appel


sala de amores (brutos?)



Fazer versos nem sempre é fácil. Às vezes faltam palavras. O pensamento busca lá longe algum dizer que combine com angústia, luxo, medo, saudade, mensagem, deserto, fogo, pluma. Busca nos arquivos e traz solidão, amor, ameaça, rosa, rio, fome, diluição. Depois, são os objetos que saltam aos olhos e dizem que também estão na brincadeira, querem ser vistos, pensados, citados no poema. Então, é hora de encaixar o castiçal, a mesa redonda, as vidraças sujas e a garrafa vazia. Em momentos de devaneio surgem as moscas descaradas, as pontes curvadas, o velho sem dentes e a árvore enrugada.Então me retiro e deixo que as palavras se encontrem, conversem entre si, mostrem o que uma tem a ver com a outra e vou até a janela em sinal de respeito à reunião das autoridades que agora estão frente a frente.Depois de anos separadas devem ter muito a dizer. Talvez conversem sobre o passado, talvez encontrem no presente seu sentido mais avançado. Isso de ir até a janela ou ao boteco comprar cigarros foi um jeito que arrumei para que depois me convidem ao encontro. Descobri que com as palavras não posso mais do que elas querem me dar. É preciso ser direto, sem nove horas, sem diz-que-me-diz-que. São questões muito sérias as que as palavras tem pra dizer. E pensar que talvez seja o primeiro contato que esse conjunto de palavras se faça - castiçal, moscas descaradas, luxo e ameaça - me tranqüiliza, me dá nome. O que poderia eu falar delas antes de elas com elas mesmas. Seria abuso da minha parte supor que as palavras não tenham o que dizer entre elas. Ao contrário, têm muito a contar. São mais velhas que o mais velho dos meus antepassados, mais antigas que as ruas, que as árvores, que os tempos que posso imaginar. Devem ter muito a falar. Deixo de lado o imaginário e solto essas majestades ao tempo de agora.Um jogo de palavras vence guerras, vence fome, vence a dor, vence a fúria. Um jogo bem feito ganha o mundo, gira tempos, atravessa planos, constrói amor. Aparentemente tão simples e, comprovadamente, tão fortes, são decididas e vorazes essas benditas. Concordo que algumas palavras nos surpreendam pelo impacto, pois revelam com um modesto conjunto de letras o mais conturbado desejo que estava lá dentro do peito, bem guardado na redoma da arrogância do eu. E então, vem uma palavra e abre as jaulas, solta a criatura medonha e vai embora com o vento. Sim, as palavras são objetivas, não importa por que vieram e o que causaram, importa que conseguem diluir um bruto amor e consertar o mais antigo dissabor. Da criatura solta resolva quem a criou, isso não é problema dessas palavras, que outras venham e se responsabilizem pelo próximo ato. Palavras são responsáveis pela prisão e pela libertação.E passados alguns minutos em que já concedi o tempo para apresentações, discussões, lembranças e apaixonamentos, posso então, voltar ao posto e encará-las de frente. Agora, são outras palavras que encontro, mais dóceis, mais redondas, mais dispostas, posso vê-las na construção dos versos. Aprendi que esse respeito com as palavras é fundamental, pois são elas que me emprestam suas vidas para que eu possa continuar viva na escritura.


(Barbara Corsetti)
VERSO CERO


No meio do homem homenize
humanize

no meio do homem
no meio do homem, uma palavra diz:
caminhe!

no meio do homem homem e
no meio do homem há um caminho
caminhe!

no meio do homem humanize
no meio do homem há um caminho
humanize!

no meio do caminho
um homem


*Poema de Lúcia Bins Ely