sexta-feira, 26 de dezembro de 2008



POEMA



Meu poema está por um fio
cambaleante
velho como o mundo
com a alma perdida
procurando pai e mãe
rosas e pitangas
mar e amores
um motivo
um estilete
meu passado
teu presente



meu poema está por um fio
escorregando pela folha branca
viscoso e triste
como larva em agonia.

terça-feira, 21 de outubro de 2008





GUARDA-NOTURNO



Solitário
só a lua acompanha
os sussurros da noite
e seus passos lentos,
tudo veste negro


o apito
sibila e avisa
o branco do olho do gato
e espreita cada esquina,
o perigo não tem rosto
roça quente a língua do abismo.



INCÓGNITA



Em que corpo você cola?

que língua você fala?

em que sonho,

desejo

você se esconde?

qual o olhar tua retina seduz?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008





OPÇÃO





Dou sempre
os mesmos passos
cansados
seculares





não sei se me jogo
do andaime
ou no sofá,
opto pelo segundo,
poeta sonha
mas não sabe voar...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008





TAUTOGRAMAS





Todos

tensos

todo

tempo

tiros.





*2


Afago

anis

adocicado

abafo

amigas

amoras

amanhã

amantes.



*3



Vozes

vorazes

velozes

vermelhos

veludo

volúpia

vinho

vinhas...


domingo, 27 de julho de 2008




DESILUSÃO




Quero as palavras todas


cara a cara


língua na língua


olho no olho,


poder despí-las






ah...


mas eu sei e lamento


- elas não são mais virgens.


domingo, 20 de julho de 2008




Dias nublados


a distância do azul


silencia


até o ron ron


dos gatos é diferente


nesses dias...